Em 1925, Oswald de Andrade escrevia “Pronominais”, um poema-manifesto, para zombar das regras gramaticais da época. O modernista exaltava o dialeto das ruas, aquele do “bom negro/ do bom branco/da nação brasileira”.
Em 31, Noel Rosa fazia um samba para brincar com a saída das consoantes “k”, “w” e “y” do alfabeto. “Picilone” era uma clara referência ao acordo ortográfico em vigor. Setenta e sete anos depois, a língua portuguesa abandona o trema e segue dividindo opiniões.
Este ano, o acordo firmado em 1990 pelos membros da Comissão dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), finalmente recebeu a ratificação de Portugal. Era o que faltava para o Brasil definir um cronograma de ações, até 2013, para implantar a reforma. A partir de 1° de janeiro de 2009, voltam ao alfabeto o “k”, “w” e “y” de Noel.
No Brasil, a pequena quantidade de vocábulos alterados - estima-se em 0,5% - gera especulações sobre o impacto econômico no mercado editorial e uma possível entrada do Português no hall das línguas oficiais da ONU.
Em terras lusitanas, a mudança será maior: 1,5% dos vocábulos terão que se adaptar às novas regras. Essa reforma gerou manifestações contrárias por parte de escritores, editores e, inclusive, políticos portugueses.
Esforços para unificar a língua datam desde o início do século. De lá para cá, os países que já foram colônias portuguesas, e que fazem parte da CPLP como Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Moçambique, Angola, Cabo
Verde e, por fim, Timor Leste, tentam fortalecer a língua que, atualmente, é a única que possui duas grafias oficiais.
Fonte: Conexão Professor