segunda-feira, 28 de dezembro de 2009


Dificuldades na aprendizagemMedicina Avançada - Sra. Shirley de Campos


Se a criança manifesta dificuldades na aprendizagem, tal poderá ter a ver não com falhas cognitivas (porque a criança até é inteligente), mas com privação de bem-estar emocional. Nessas circunstâncias é imprescindível saber como atuar. A visita a um profissional especializado – um psiquiatra infantil – poderá ser determinante.


Dificuldades de aprendizagem – identifique a causa


É crescente o número de crianças que não tem um rítmo de aprendizagem proporcional às suas capacidades. Estas crianças não só têm dificuldades de adaptação à escola como são suscetíveis de perturbar o ambiente escolar e prejudicar o aproveitamento e bem-estar das restantes.Na maior parte dos casos o que, efetivamente, está em causa é um desequilíbrio emocional que permita disponibilidade interior para manter vivo o desejo e o prazer de aprender.


O valor do afeto


Sabemos que a inteligência é, até um certo ponto, um patrimônio herdado dos pais. Cada criança tem um perfil heterogêneo com pontos fortes e fracos; por exemplo: há crianças que têm mais facilidade no raciocínio abstrato verbal, outras na área de organização espaço-temporal, etc. É por essa razão que as crianças têm potenciais diferentes: umas são melhores em línguas, outras em artes e outras em ciências e tecnologia.Sabe-se, contudo, que os fatores que determinam a possibilidade de desenvolver esse potencial inato são:· peso da estimulação afetiva (familiar, social, cultural) · o tipo de experiências que a criança vive com quem lhe está mais próximo.


A importância da autoestima


Em idade escolar a capacidade de aprendizagem é uma das primeiras a ficar afetada sempre que haja uma perturbação emocional da criança. Dois tipos de perturbação emocional podem ocorrer:

. transitória – como alterações reactivas a circunstâncias sentidas como adversas, como o nascimento de um irmão ou a separação conflitual dos pais

· permanente – quando as dificuldades são mais estruturais

A maioria destas crianças têm estruturas depressivas do seu funcionamento psíquico, isto é, são:

· desvalorizadas na sua auto imagem (são vulgares expressões do tipo: "sou burro", "não sou nada bom", "não faço nada bem")

· inseguras (são vulgares expressões do tipo: "não sei se consigo, faço isto ou faço aquilo?")

· têm pouca tolerância à frustração, desistindo rapidamente à primeira contrariedade ou respondendo agressivamente contra os outros,

· antecipam negativamente as situações escolares, sobretudo de teste ou avaliação formal (são vulgares expressões do tipo: "vou falhar, amanhã não vou conseguir"),

· têm dificuldades em interpor pensamento entre o sentir e o agir, pelo que a alteração dos comportamentos (instabilidade, hiperatividade ou agressividade ou, mais raramente, pela inibição e retirada) é a melhor imagem de marca desta situação.

Estão assim criadas as condições para um círculo vicioso negativo, já que as dificuldades na escola reforçam a má imagem que as crianças têm de si próprias. Se a isto juntarmos ainda a ansiedade dos pais, que também aumentam nos filhos a idéia de não estar respondendo às suas expectativas (são vulgares expressões do tipo: "será que eu sou o filho que os meus pais gostavam que eu fosse?"), temos completamente traçado o quadro habitual a que se assiste.


Reforce-lhe a segurança


Dê atenção a dois caminhos que se seguem e certifique-se de que faz tudo o que está ao seu alcance para proporcional ao seu filho condições para seguir o segundo.

. A sensação de não ser gostado --> insegurança -->maior dependência emocional --> a regressão, o desejo de regredir, estagnar ou, então, o medo de conhecer, o desejo de ignorar, esquecer ou, em caso último, destruir, morrer·

A sensação de ser gostado, amado --> segurança -->autonomia --> gosto de descobrir, conhecer--> desejo de crescer, pensar, sonhar, criar, viver.