sexta-feira, 27 de março de 2009

CONTO DE FADA



AS AVENTURAS DE PINÓQUIO: UM RETRATO DO DESENVOLVIMENTO MORAL E COGNITIVO NAS CRIANÇAS

Em muitas obras e estudos, a figura de Pinóquio, da obra As Aventuras de Pinóquio, de Carlo Colodi, foi usada para ilustrar de forma metafórica o desenvolvimento moral das crianças e a criança com dificuldades de aprendizagem que “precisa ir para a escola para se tornar um menino de verdade”. Em suas aventuras, se mostra descomprometido com regras e a procura do prazer e da facilidade sem haver preocupações se torna sua “marca registrada”.A história de Pinóquio inicia com Gepeto sonhando em ter uma marionete e não um filho. Uma criança com a qual possa fazer o que bem entende, manipular e se divertir. Esse aspecto do conto retrata a relação que podemos estabelecer entre a dicotomia dos objetivos da escola e da família. “O projeto inicial de Gepetto não é ter um filho para passar trabalho de educá-lo; ele quer um boneco para viver de suas momices e levar uma vida fácil (CORSO E CORSO , 2006, p. 219). Dentre tantos encontros e desencontros, Pinóquio e Gepeto concluem que os papéis de pai e filho são resultado de uma construção subjetiva ao longo da infância e da adolescência.A relação entre escola e família, o contexto desses dois âmbitos definem o modo de viver das crianças, já que é nesses âmbitos que os discursos e idéias determinarão esse sujeito e sua percepção de mundo. Nesse sentido, segundo Fernández (1991) não existe um modelo de família, mas diferentes formas de vida familiar nos quais o espaço para a infância e o saber toma diferentes formas através de redes de significados. Sengundo a autora, as redes de significados definem a forma como a família dá significado para o aspecto intelectual. Muitas dificuldades de aprendizagem se encontram nessas redes em que um conhecimento é proibido.Através das aventuras de Pinóquio, vemos que é nas interfaces das relações familiares que se estabelecem as primeiras experiências com a aprendizagem e moralidade, e que antes de ir para a escola, antes de aprender, a criança precisa ser. Para Winnicott (1975) a habilidade de fazer é baseada na capacidade de ser. Aprender é atitude, é ousar, é mostrar e comunicar. Antes de fazer, precisamos ter espaço para ser. Antes de ter sucesso na escola, a criança precisa modificar a sua postura diante da vida, tal qual Pinóquio, que mudou o modo de perceber e interagir com os desafios, buscando um espaço em que há lugar para o corpo e o aprender, lugar para a autoria e vivência simbólica, rompendo com a imagem destrutiva que inscreve sua subjetividade.